segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O cúmplice de Rose, por Ricardo Noblat


Blog do Noblat

Lula deixou a presidência da República com uma ideia fixa - ou melhor: duas ideias.
A primeira: continuar mandando à distância por meio de Dilma. No que lhe interessa de verdade não pode se queixar. Manda. Outro dia até inventou uma CPI e Dilma só ficou sabendo ao retornar de uma viagem ao exterior.
A segunda ideia: por mais que negue, suceder Dilma a partir de 2014. Dona Marisa estava de acordo.
O câncer na laringe subtraiu-lhe parte da energia. Nem por isso abdicou do sonho do terceiro mandato. Recupera-se satisfatoriamente. E, salvo um imprevisto médico, estaria pronto para ir à luta.
Ocorre que duas gigantescas jamantas o atropelaram de agosto para cá: o julgamento do mensalão e o Rosegate.
Está lá, pois, o corpo de Lula estendido no chão. E é improvável que se levante antes de 2014. Depois será muito tarde.
Diz o PT, amparado por marqueteiros e analistas de pesquisas eleitorais: o julgamento do mensalão em pouco influenciou as eleições municipais de outubro último. O efeito dele foi quase nulo até mesmo em São Paulo, onde PT e PSDB travaram uma dura batalha.
De fato, eleição municipal é um fenômeno localizado. O eleitor está à procura de quem possa melhor administrar a sua cidade. Nada mais importa.
Eleição para deputado, senador, governador e presidente da República, não. Com frequência os interesses nacionais contaminam os locais.
Exemplo? Manaus.
Ali, em 2006, Lula colheu mais de 80% dos votos. Quatro anos depois, Manaus garantiu a Dilma uma votação estupenda. Lula foi lá este ano e pediu para que derrotassem Arthur Virgílio (PSDB), candidato a prefeito e seu desafeto.
Arthur se elegeu com folga.
Se a Justiça pusesse amanhã um ponto final no caso do mensalão e se o Rosegate acabasse apagado, por milagre, dos anais da política brasileira e da memória coletiva, nem por isso aumentariam as chances de Lula engatar a marcha da volta triunfal à presidência daqui a dois anos.
Imagine Lula, candidato, tendo que explicar a cada momento por que alguns dos seus ex-auxiliares de maior confiança estão presos.
Sim, porque os réus do PT no processo do mensalão só deverão ir para a cadeia no segundo semestre do próximo ano. E na cadeia ainda estarão quando a campanha presidencial do ano seguinte começar a pegar fogo.
Quer um cenário ainda pior para Lula, aspirante à vaga de Dilma?
E se em breve ele e outros suspeitos forem indiciados em um novo inquérito do mensalão? Isso não é só possível. É provável. A conferir.
O mensalão é um assunto árido para parcela expressiva dos brasileiros. E como envolve políticos, grana e desonestidade, não chama tanto a atenção. Estamos acostumados. Todo político é ladrão.
O Rosegate tem um ingrediente que o torna popular: lençóis e traições. É fácil de ser explicado: Lula cedeu à tentação e empregou no governo pessoas indicadas pela moça que se dizia sua namorada. Empregou, pelo menos, contra a opinião de dois dos seus ministros: o do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o da Defesa, Nelson Jobim.
Alojados em cargos estratégicos de agências reguladoras, tais pessoas formaram uma quadrilha para traficar influência e fraudar pareceres técnicos de órgãos federais.
A Polícia Federal descobriu o malfeito e indiciou-as por corrupção. A moça, também.
Sob a ótica religiosa, Lula é a versão atualizada de São Sebastião, picotado por flechas.
Sob a ótica profana, é o Tufão de um país chamado Avenida Brasil.
Esse foi o lance inaugural da eleição de 2012. O difícil é acreditar que ele tenha surpreendido Dilma.
Na melhor das hipóteses, Rose fez Lula de bobo. Na pior, de cúmplice.
Levando-se em conta seu prontuário, Lula ficou com mais pinta de “o cúmplice” do que de “o bobo de Rose”.

Um comentário:

Ricardo Froes disse...

Por falar em Rosegate, Laguardia, veja essa:

Segundo a inteligência militar Rosemary é contrabandista de diamantes
Inteligência militar revela que Rose era a “mulher invisível” que negociava diamantes africanos na Europa
Por Jorge Serrão

O Rosegate revela mais duas bombas. Não existem registros nos anais da FAB de viagens internacionais feitas por Rosemary Novoa Noronha nos aviões da Presidência da República, embora a ex-chefe do gabinete paulista de Dilma tenha viajado 24 vezes ao exterior com o amigo e chefe Lula. Por tal informação, passada reservadamente pela inteligência das Forças Armadas ao Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, a “Doutora Rose” seria a “mulher invisível” que trabalhava para Lula.

Outro bomba. Rosemary utilizava um passaporte exclusivo de membros do primeiro escalão governamental para viagens de negócio ao exterior que fazia sem a presença do amigo Lula. Serviços de inteligência das Forças Armadas receberam informes de que Rose participaria de negócios com diamantes em pelo menos cinco países: Bélgica, Holanda, França, Inglaterra e Alemanha. As pedras preciosas seriam originárias de negócios ocultos feitos pela cúpula petralha na África, principalmente Angola. Tal informação também foi passada à PGR pelos militares.

Foram detectadas dezenas de viagens não-oficiais de Rosemary ao exterior, para "passeios de negócios". O passaporte especial a denunciou. Foram 23 para a França. Para Suíça, ocorreram 18, por via terrestre, partindo de Paris, e mais quatro por via aérea. Rose também fez 12 deslocamentos de avião para a Inglaterra. Outras sete viagens para o Caribe e os Estados Unidos, aconteceram de navio – de acordo com a inteligência militar brasileira.

Tais informações sigilosas sobre o Rosegate não aparecem nas 600 páginas do inquérito da Operação Porto Seguro. Militares também estão checando o informe, que circula pela internet, de que, numa viagem de Lula a Portugal, Doutora Rose teria levado, na mala diplomática, 25 milhões de Euros. O valor, que teria sido declarado à receita portuguesa, seguiu em carro forte para depósito na agência central do Banco Espírito Santo, na cidade do Porto.

Como os documentos sobre tal operação estariam arquivados na Aduana do aeroporto internacional Francisco de Sá Carneiro, a petralhada morre de medo que se confirme o informe do e-mail denúncia – segundo o qual Rose mandou fazer o depósito tendo Luiz Inácio Lula da Silva como o possível beneficiário de um seguro que fora feito para evitar “algum sinistro” com tanto dinheiro.

Diante de novas denúncias que surgem com o Rosegate, o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, se prepara para pedir, a qualquer momento, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Luiz Inácio Lula da Silva & Família. A solicitação é um desdobramento do julgamento do Mensalão e servirá para alimentar de informações o Processo Investigatório 2.474. Correndo em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal, desde 2007, com 77 volumes de fatos concretos, o trabalho investiga as relações de negócios entre o PT, o Banco BMG, e o mito Lula.

Gurgel quer saber como e onde Lula aplica os recursos que recebe nas palestras que vem dando no Brasil e no exterior. O Instituto Lula também pode ser alvo do Procurador, para saber quem são as pessoas físicas e jurídicas que andam financiando as atividades políticas de Lula. A maior preocupação do ex-presidente é com a Polícia e a Receita Federal. Lula foi informado de que servidores fora do controle do Governo – mas agindo dentro da lei e do dever de ofício – teriam informações comprometedoras sobre ele e seus filhos.

Se tudo vier à tona, o processo do Mensalão vai parecer roubo de galinha no quintal do vizinho mais próximo...