Se tratássemos a política com seriedade não haveria espaço para que partidos empenhados em eleger o mesmo candidato a presidente da República pudessem ser adversários na hora de eleger governadores, deputados federais e estaduais.
O presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), informou à direção nacional do PT que seu partido apoiará Eduardo Campos contra Dilma em Pernambuco e no Piauí. E que em nove estados o PMDB será adversário do PT nas eleições para os governos estaduais.
Dos nove, três fazem parte da lista dos maiores colégios eleitores do país - São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. O provável candidato do PMDB ao governo baiano é Geddel Vieira Lima, atual diretor da Caixa Econômica Federal, nomeado por Dilma.
Tudo muito coerente - não lhe parece?
A história das eleições entre nós é a história das mudanças nas regras eleitores. Rara a vez que houve eleição sem que antes se mudasse as regras - ou alguma regra. Beneficia-se o partido ou coligação de partidos com mais força na ocasião.
Jamais esteve entre os costumes nacionais, por exemplo, a reeleição de presidente, governador e prefeito. Em época alguma da História. E se desconhece qualquer corrente de opinião que tenha batalhado pela reeleição.
Uma vez no poder, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) quis ficar mais quatro anos. Como os partidos que o sustentavam tinham maioria no Congresso, sua vontade foi feita.
O que está na raiz das alianças partidárias nada tem a ver com ideologia, princípios, valores, o bem estar da população - nada. Monta-se alianças pensando acima de tudo no tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
Partidos com gordas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado dispõem de tempo de propaganda maior. São os mais ambicionados parceiros.
Mas deu-se também um jeito na lei para que eles possam negociar seu tempo de propaganda na eleição presidencial sem comprometer seu tempo de propaganda na eleição estadual.
Assim, parlamentares de diversos partidos confraternizam no palanque presidencial, fazem juras de amor eterno, prometem o impossível ao distinto público. Para no dia seguinte se exibirem em palanques diferentes, com candidatos diferentes aos governos, dizendo o diabo dos aliados da véspera.
2 comentários:
Ninguém trabalha mais, é só eleição
Que Dilma não trabalha mais (já trabalhou?) como presidente para se dedicar integralmente à reeleição, todo mundo sabe. Já que ela não trabalha e, como dizia meu pai, os maus exemplos frutificam, todos os que estão direta ou indiretamente ligados às eleições de 2014, também não trabalham em suas funções precípuas. Não que os nossos digníssimos homens públicos precisem de exemplos para faltar com suas obrigações com o povo, mas é sempre uma força a mais.
Ao abrir o jornal hoje, vejo Dilma entregando casas sem água e sem luz na Bahia; vejo o deputado federal Garotinho (bleargh!) em pleno horário de trabalho discutindo alianças com o deputado estadual e presidente do PT, Rui Falcão (argh!), campeão de ausências na Assembleia de São Paulo (faltou a 397 das 584 sessões em plenário e conseguiu abonar ausências mesmo tendo participado de eventos partidários fora do estado); vejo o Senador Aecio Neves, também em horário de trabalho, reunido o dia inteiro com o deputado federal Paulinho da Força, com os senadores Francisco Dornelles e José Agripino, e com mais 40 (eu disse quarenta!) deputados federais pelo PSDB; vejo o governador de Pernambuco, Eduardo Campos em reunião com Marina e “prestigiada” pelo senador Pedro Simon; vejo o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, reunido com o ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro e com o ministro da Educação, Aluisio Mercadante, negociando tempo de TV em troca de mais um ministério para o partido.
Isso, só em uma ligeira vista d’olhos pelas manchetes do Globo, fora as notas dos colunistas.
Ô raça de vagabundos! Nesse aspecto eu não livro a cara de ninguém. Falta decência, compromisso, seriedade a todos. Até o Miro Teixeira, um dos mais assíduos do Congresso, andou faltando ao trabalho para desempenhar a função de papagaio de pirata da Marina. Vergonha!
Desesperar jamais, como diz a letra de Vitor Martins? Como não se desesperar se não há a menor possibilidade de, entre tantos, escolher um só que seja medianamente honesto de propósitos? Como não se desesperar se somos reféns da ignorância de mais de 70% da população, que é fartamente alimentada pelo descaso destes que eu citei acima e de mais todos os outros políticos?
Infelizmente o jogo não está mais no primeiro tempo. Já estamos na prorrogação...
Desesperar Jamais
Ivan Lins e Vitor Martins
Desesperar jamais
Aprendemos muito nesses anos
Afinal de contas não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo
Nada de correr da raia
Nada de morrer na praia
Nada! Nada! Nada de esquecer
No balanço de perdas e danos
Já tivemos muitos desenganos
Já tivemos muito que chorar
Mas agora, acho que chegou a hora
De fazer Valer o dito popular
Desesperar jamais
Cutucou por baixo, o de cima cai
Desesperar jamais
Cutucou com jeito, não levanta mais
Infelizmente há muita coisa para mudar em nosso país.
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