Estamos comemorando meio século, 50 anos, da Marcha comDeus pela Liberdade, que reuniu 500.000 pessoas em São Paulo em março de 1964.
Em 1960 a população da cidade de São Paulo era de 2.800.000 habitantes, portanto um número expressivo de habitantes tomou às ruas em protesto.
É necessário se compreender o momento em que vivíamos naquela época e o motivo pelo qual o povo protestava contra o governo de João Goulart.
Em primeiro lugar, vivíamos a época da Guerra Fria. O mundo estava ideologicamente dividido em dois blocos. O bloco liderado pela União Soviética, comunista ou cortina de ferro como era conhecido, e o mundo capitalista, democrático, liderado pelos Estados Unidos.
Nos países do terceiro mundo reinava uma disputa entre estes dois blocos. Esta disputa ocorria também no Brasil.
Qual era o nosso temor com relação ao comunismo naquela época? Era do que víamos saindo da cortina de ferro.
Víamos milhares de cubanos largando duo para trás, correndo risco de vida em busca da liberdade. Vimos a Alemanha Oriental construir um muro em Berlin para conter a fuga de seus cidadão para o ocidente. Cerca de 3,5 milhões de alemães já haviam deixado a Alemanha Oriental embosca de refugio na Alemanha Ocidental. Vimos as imagens de alemães sendo fuzilados ao tentar atravessar o muro em direção a Berlin Ocidente.
Ouvimos o discurso de Che Guevara na ONU que dizia que em Cuba fuzilavam sim e continuariam fuzilando seus opositores pois a luta deles, comunistas, era uma luta de morte.
A propaganda comunista combatia toda e qualquer religião apregoando que a religião era o ópio do povo.
Os brasileiros em sua maioria queriam continuar vivendo em liberdade e num regime democrático. Há pouco havíamos nos livrado da longa ditadura de Getúlio Vargas e não estávamos interessados em outra.
O que nos assustava no governo de João Goulart era que visivelmente estávamos caminhando para um regime totalitário nos moldes cubanos.
Leonel Brizola havia organizado o grupo dos 11 nas cidades, principalmente no Rio de Janeiro. Sucessivamente, em 19 e 25 de outubro de 1963, Brizola fez inflamados pronunciamentos à nação, através dos microfones de uma cadeia de estações de rádio liderada pela Mairink Veiga, que detinha, na época, o maior percentual de ouvintes das classes média e baixa. Nesses pronunciamentos, conclamou o povo a organizar-se em grupos que, unidos, iriam formar o "Exército Popular de Libertação" (EPL). Comparou esses grupos com equipes de futebol e os 11 "jogadores" seriam os "tijolos" para "construir o nosso edifício". Estavam lançados os "Grupos dos Onze" (G-11) que, para Brizola, constituir-se-iam nos núcleos de seu futuro exército, o EPL.
No campo Francisco Julião organizara as Ligas Camponesas do Partido Comunista Brasileiro.
João Goulart dava apoio as revoltas dos cabos e sargentos das forças armadas, que desestruturavam as forças armadas brasileiras. Pregava a reforma agrária e a reforma de base. Pregava a reforma da Constituição de 1946.
Para nós, o povo brasileiro naquela época, havia sinais claros de que nossa liberdade estava em risco. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade visava primordialmente mandar a mensagem de que queríamos continuar com a Constituição de 1964, queríamos manter nossa tradição cristã e democrática. O comunismo não nos era acatável.
Não havia como continuar com Jango no poder. O movimento militar que depôs João Goulart, inegavelmente foi aceito e apoiado pela grande maioria do povo brasileiro.
A idéia inicial era de que Castelo Branco cumpriria o tempo de mandato de Jango e que depois haveriam eleições livres e democráticas.
A esquerda nunca se convenceu, trilhou o caminho do terrorismo e da violência. O primeiro atentado foi no aeroporto de Guararapes em Recife. A esquerda nunca lutou por democracia. Sempre quiseram a implantação de um regime como o de Cuba. Nunca pediram que a Constituição de 1946 fosse obedecida e que o poder fosse restituído a João Goulart, que seria o normal se estivessem lutando por democracia. Nunca pediram eleições livres e democráticas.
Precisamos de mais depoimentos de quem viveu aqueles anos para desfazer a grande mentira de que Dilma e seus comparsas lutavam por democracia.
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