sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Assalto Nosso de Cada Dia


Fonte: Jornal Super Notícias

Tem coisas que só acontecem no bairro Floresta (Belo Horizonte).
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Certo dia, numa manhã ensolarada de domingo, eu caminhava na imponente avenida do Contorno, no Principado do bairro Floresta, rumo ao international bar do Amir, na rua Salinas, quando fui abordado por um assaltante.
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O referido assaltante, por sinal muito educado, pediu-me licença para que pudesse concretizar seu tão sonhado assalto a minha tão humilde pessoa.
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Certo de que o cidadão honesto é assaltado pelo governo, todos os meses, em 80% do seu ínfimo salário, em forma de imposto, entreguei-lhe minha ociosa carteira. E lá se foi minha cervejinha de domingo.
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Percebendo que o honrado assaltante era da mesma espécie nativa da Esplanada dos Ministérios, perguntei-lhe:

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Por que o nobre cidadão não assalta em Brasília?
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E o diplomado assaltante respondeu-me. "Fui eleito e escolhido para ir a Brasília assaltar, mas quando cheguei à rampa do Palácio do Planalto, fui abordado por um senhor cabeçudo, barbudo, de orelhas iguais a retrovisores e que se dizia não saber de nada".
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Ele, sorrateiramente, levou meu salário, meu emprego, minha casa e minha esperança.

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E como todos os dias eu era assaltado em um Ministério diferente, resolvi voltar e recomeçar meu assalto de cada dia.

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Autor: Rogério Tomaz

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