Os dois Brasis

Lendo publicações sobre o Brasil no exterior, conversando com estrangeiros sobre a imagem do Brasil, vemos que há dois Brasis.

Um cuja imagem é vendida no exterior. Um Brasil capitalista com uma economia que cresce e onde se deve investir para se obter altos ganhos no mercado financeiro. Um Brasil que conseguiu dominar uma inflação galopante e hoje tem uma moeda e uma economia estáveis.

Um Brasil onde os banqueiros e empresários ganham muito dinheiro, que se moderniza, que domina a industria de ponta, onde a qualidade dos médicos e dos tratamentos de saúde são iguais aos melhores do mundo.

O outro Brasil é desconhecido para o exterior, principalmente para a imprensa internacional.

É o Brasil da miséria, o Brasil em que se morre nas filas do SUS sem atendimento médico adequado, é o Brasil em que a qualidade da educação piora a olhos vistos ao ponto de se estabelecerem contas para favorecer os alunos egressos das escolas públicas a alcançarem um lugar na universidade.

É o Brasil da corrupção, da roubalheira. O Brasil em que os pobres desabrigados pelas chuvas nunca têm auxilio do governo a não ser palavras e discursos demagógicos. O Brasil que é a sexta economia do mundo, mas no Índice de Desenvolvimento Humano trilha o 84o lugar entre 187 países.

O Brasil que vivemos não é o mesmo cuja imagem se vende lá fora. 

O povo no Brasil de verdade está abandonado a própria sorte. Imagem positiva no exterior não enche barriga de ninguém.

O que importa não é o que dizem do Brasil lá fora, mas sim o que vivemos aqui.