Laguardia:
Não estaria havendo um pouco de exagero nessa cruzada de vocês, protestantes, contra o aborto e a prostituição? Não falo do homossexualismo porque eu até concordo com vocês, não sobre o pecado, mas sobre as reivindicações descabidas de privilégios que essa gente quer ter.
Muito boa a sua pergunta Froes, vou tentar responder da forma que penso. Como sou protestante por convicção, podemos ter alguns pensamentos discordantes, mas respeito a sua opinião e acredito é que discordando é que se cresce intelectualmente.
Mas voltemos ao aborto e à prostituição. Em primeiro lugar, ambos são frutos de um problema que parece sem solução aqui no Brasil: a educação; em segundo, ambos são vítimas de uma assistência social inexistente e, em terceiro, lá na ponta, caem nas mãos de uma Justiça totalmente ineficiente. Se cada uma dessas três instiituições melhorar, um pouquinho que seja, o aborto e a prostituição vão sofrer uma queda notável.
Vamos tratar da questão do aborto e da prostituição. Com relação ao aborto, quando eu era jovem (e olha que isto faz tempo) em nossas igrejas sempre haviam palestras de educação sexual. Insistia-se nos jovens que o ato sexual é uma coisa prazeirosa, que o sexo não foi feito apenas para procriação, mas para prazer, mas que este prazer deveria ser entre duas pessoas que se amam e que tinham a intenção de viever juntas para sempre.
Daí a necessidade de responsabilidade. Ou seja tinhamos que escolher uma prceira ou parceiro para sempre. Portanto o sexo deveria ser praticado somente após o casamento. Hoje em dia a maioria das pessoas discorda, mas eu como careta e antiquado ainda penso desta forma.
Além do mais a prática do sexo implica que muitas vezes (não podemos nos esquecer que naquela época não havia os anti-concepcionais) a vida de uma terceira pessoa, a geração de um filho. Por isto é extremamente importante que o ato sexual seja praticado com extrema responsabilidade.
A questão do aborto está ligada a esta responsabilidade. Eu creio que Deus é quem dá a vida e só ele pode retirá-la, por isto também sou contrário a pena de morte.
Não adianta simplesmente ser contra. Se ambos são proibidos e o quadro que se vê é trágico, é melhor atacar exatamente nessas três áreas e esperar pelos resultados. É por isso que pouco importa se Fulana ou Sicrana é contra ou a favor dessas duas questões e sim o que elas vão fazer na Educação, na Assistência Social e na Justiça.
Você tem razão não adianta simplesmente ser contra. É necessário que se trabalhe na área de educação. Precisamos ensinar nossos filhos a valorizar a ética e a responsabilidade. Ensiná-los a encarar de frente a conseqüência de seus atos.
O que eu quero enfatizar na questão do aborto é que a relação sexual é prazeirosa, mas que deve ser praticada com rsponsabilidade, e se desta relação surgir uma criança, ela não deve pagar com a vida por nossa falta de responsabilidade.
Quanto a prostituição, que dizem ser a profissão mais antiga do mundo, temos que trabalhar para que as pessoas não precisem se prostituir, vender seu próprio corpo para sobreviver. Em vez de regulamentar a profissão devemos trabalhar nas causas da prostituição como você disse. Ao regulamentar a profissão estamos atacando as conseqüências e não as causas.
O que eu sinto nos protestantes é um certo desvio de foco, ao atacarem as consequências e não as causas.
Acho que há muito tempo nós protestantes, de um modo geral, perdemos o nosso foco. Nossas crenças ficaram limitadas às quatro paredes de nossos templos. Não vivemos em tuda a plenitude a mensagem de Cristo. Vamos a igreja, cantamos, dançamos, oramos, nos emocionamos, mas quando saímos de lá achamos que é natural que nossos dirigentes roubem, mintam, ajam sem ética etc.
As causas dos problemas que temos no Brasil hoje são justamente estas, falta de valorização de princípios de ética e moralidade.
Com relação ao homossexualismo, eu quero ter a liberdade de poder condenar a prática e de ensinar a meus filhos que esta prática não é correta. Só isto. Quero ter liberdade de expressão, assim como o homossexual deve ter liberdade de ser o que ele quiser.
Um comentário:
Olha, um dos melhores textos que já li a respeito. Parabéns.
Postar um comentário