segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Populismo que resiste


Murilo Augusto de Medeiros
Estudante -
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O mundo assistiu à queda do Muro de Berlim há 20 anos.
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As revoluções socialistas já fazem parte do século passado e a bipolaridade entre Estados Unidos e URSS já não domina mais as relações políticas mundiais. Mas, por que a América Latina insiste em ressuscitar chefes de Estado populistas empenhados em aplicar as mesmas políticas fracassadas do passado?
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Por que continuamos presos a uma visão marxista da sociedade e à mentalidade da Guerra Fria, que separa o Norte do Sul, projetando uma luta de classes entre ricos e pobres para o terreno étnico e social? Enfim, o que está ocorrendo com a nossa democracia representativa?

Aprendi desde cedo que a precondição necessária de todo governo democrático é a proteção às liberdades civis e o respeito ao cumprimento das leis e às instituições públicas. E o populismo ignora justamente isso, pregando uma democracia fajuta que não leva em conta os direitos individuais.
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A América Latina é um exemplo inequívoco de que o populismo econômico e político resiste mesmo diante dos mais contundentes fracassos. Imprensa acuada, Judiciário cooptado, opositores exilados, economia estatizada, Legislativo domesticado, educação ideologizante e liberdade amordaçada são marcas contundentes de uma América Latina cercada de governantes interessados no "socialismo do século XXI". Aqui, os princípios democráticos têm sido manipulados para subverter a própria democracia.

Mas uma evidência me deixa otimista: a minha geração não está mais interessada em trocar os bons costumes da democracia por regimes que agridem as liberdades constitucionais. Represento a geração pós-Muro de Berlim, pós-Guerra Fria, pós-ditadura militar. Não almejamos burlar as regras do jogo, muito menos fazer revoluções estudantis com anarquia e greves desnecessárias. Não desejamos mudar o mundo com rupturas e transgressões, pois, se hoje temos liberdade para tratar de qualquer assunto por meio de uma imprensa livre é porque nascemos sob a proteção daqueles que justamente lutaram pela liberdade.

Por isso, consideramos que o dogmatismo da atual esquerda latino-americana não passa de uma contradição e de uma confusa mistura de várias doutrinas incompatíveis entre si. É o que há de pior no caudilhismo bolivariano, uma adulterada compilação de suposições tiradas de sofismas e falsos conceitos há muito ultrapassados.

Será possível que os jovens idealistas e adultos engajados devam renunciar à sua liberdade e voluntariamente entregar-se à vontade de um governo onipotente? Que devam procurar a alegria num sistema no qual sua única tarefa será a de servir como uma peça a mais numa grande máquina projetada e manipulada por um planejador todo-poderoso?

Não sei se estamos anestesiados ou se nada na política nos interessa mais. O fato é que há um novo fenômeno político na América Latina pronto para pisotear as liberdades individuais e a democracia representativa.

Fonte: Super Notícia
Publicado em: 30/11/2009

Um comentário:

José de Araújo Madeiro disse...

Laguardia,

Pretendemos estender os nossos parabéns, não somente para você, sobretudo para o jovem Murilo.

Excelente artigo e que deveria refletir o pensamento geral da juventude brasileira.

Todos nós precisamos de vocês, caros jóvens. Daqueles de ideias cristalinos, da defesa instransigente da liberdade e da luta incessante por um futuro melhor.

Particularmente eu, que vivi os dramas pós-1964 e que durante o AI-5 consegui fazer meu curso de medicina, sendo um pau-de-arara das brenhas do sertão.

Esses tempos foram superados. Devemos olhar para o futuro e com a certeza de vocês, os jovens de hoje que farão muito mais do que nós. Um Brasil que certamente terá properidade e liberdade, muito distante dessas mazelas da conjutura contemporânea.

Att. Madeiro