quinta-feira, 23 de julho de 2009

Manifesto á Nação

O Lions Clube de Blumenau Centro, reunido em assembléia no dia 15 de julho de 2009, formulou e aprovou por unanimidade a divulgação ao país, por todos os meios ao seu alcance, do seguinte manifesto.

LIONS CLUBE DE BLUMENAU CENTRO - CNPJ 01.445.120/0001-65

“Maior servidão é mandar homens, que servi-los.”

(Padre Antônio Vieira, 1608/1697, nascido em Portugal, viveu por muito tempo no Maranhão)
MANIFESTO À NAÇÃO

O sentimento da população brasileira para com a política e os políticos é de profunda indignação e revolta. Infelizmente os desmandos são de tal ordem e número que, além deste sentimento de frustração, as pessoas parecem estar anestesiadas. O Lions Clube de Blumenau Centro, com 53 anos ininterruptos de serviços prestados à comunidade, tem, entre seus objetivos, o estímulo ao patriotismo. Conta até hoje em suas reuniões com alguns dos seus fundadores, forma um grupo preocupado com o Brasil e também se sente atingido por esta indignação, que é notória nas ruas.

Em vista disso elaborou o presente manifesto, a ser divulgado de todas as formas e por todos os meios possíveis, objetivando despertar o país da letargia e reverter o quadro lamentável que se espalha entre os brasileiros responsáveis.
Ainda que os índices econômicos possam aparentar uma certa tranquilidade, ela é ilusória, na medida em que padrões éticos estão sendo vilipendiados diuturnamente nos mais variados níveis da administração pública. Eles são tanto mais graves, quanto mais próximos da esfera federal.
Escândalos de toda ordem, desde malversação do erário, favorecimentos pessoais espúrios, espírito corporativista intoleravelmente reprovável, aumento absurdo no número de cargos e atitudes antiéticas deixaram de ser exceção, para virarem regra. Nem bem um escândalo é divulgado, outro lhe toma o lugar, gerando na população, por esta sequência regular e continuada, aquele sentimento de impotência e letargia referido anteriormente. Parecemos todos zumbis estáticos, observando os fatos sem reagir, descrentes de mudanças positivas.
Não se trata de reivindicar um simples e utópico processo de distribuição de renda, de criticar irresponsavelmente a livre iniciativa ou de levianamente censurar bons salários aos administradores públicos competentes. Trata-se de encontrar um modelo mais comedido, em que o cidadão trabalhador não fique estarrecido ao verificar que o que percebe de rendimento em toda uma vida é pago a alguns funcionários públicos e parlamentares em questão de poucos anos, quando não alguns meses, sob as mais variadas denominações!
Ainda que fosse somente pelo fato de não carregarmos na consciência a censura de nossos filhos e netos pela nossa omissão e pelo nosso silêncio, e não pelo patriotismo em si, hoje tão pouco em voga, nós, membros do Lions Clube Blumenau Centro, sentimos ter chegado o momento de levantar a voz, pacífica mas energicamente. Este manifesto não pretende ser um brado irresponsável, uma palavra de ordem surrada ou um grito oportunista, que são os adjetivos tantas vezes usados pelos poderosos para abafar os protestos dos insatisfeitos.

Ele pretende ser um alerta, um chamado ao despertar, um incentivo à formação de cidadãos que, além de emprego e trabalho, sintam orgulho dos líderes que conduzem através do seu voto aos cargos públicos, dos mais altos aos mais baixos, delegando-lhes poderes para fazer honestamente o melhor pelo país, pela sociedade, pela comunidade.
O Lions Clube de Blumenau Centro está preocupado com a violência já não mais restrita aos grandes centros e que avança dia a dia, alcançando índices alarmantes. Está preocupado com a educação, na qual, sob um distorcido conceito de liberdade, os alunos estão agredindo os professores, as drogas estão sendo consumidas por nossa juventude à luz do dia e diante da polícia, trazendo em seu rastro a criminalidade crescente, apenas para citar alguns exemplos.
Os parlamentares estão legislando cada vez menos, porque preocupados em acusar adversários ou em defender-se de acusações, brigando por cargos e benefícios, dando as costas àqueles que juraram defender. Reclamam do Executivo quando este governa com medidas provisórias, mas não têm coragem de simplesmente rejeitá-las, temerosos de que com isso seus apadrinhados sejam prejudicados nas inúmeras nomeações que irão favorecer este ou aquele partido e assim perpetuar as benesses que aparentemente passaram a ser o objetivo principal e imediato de suas ações.
Não menos preocupante é o quadro do Poder Executivo em seus vários níveis, pois se vale exatamente deste poder de nomeações e da famigerada “caneta na mão” para manter em rédea curta o Congresso. Nele os parlamentares assemelham-se a sócios lutando por objetivos comuns, embora condenáveis e distantes das necessidades da população.
Triste é também a situação do Judiciário, que, embora dispondo hoje de toda a tecnologia da informática, acumula nos gabinetes os processos cujas decisões o cidadão ansioso espera por anos, às vezes décadas. Ilustra bem este quadro a recente divergência manifestada de forma agressiva e lamentável entre os ministros da mais alta corte, o Supremo Tribunal Federal, minando a confiança das pessoas na última instância a que podem recorrer quando têm seus direitos ameaçados ou agredidos.
Se a democracia está sustentada nestes três poderes e estes estão tão comprometidos em sua ação efetiva e em seu comportamento ético, fácil é concluir que quando o fundamento é frágil, a estrutura que ele sustenta também se fragiliza e ameaça ruir. Não foi para isso que a democracia foi defendida a alto preço em passado recente. Simplesmente tratar desiguais com igualdade não é democracia, é anarquia!
A classe dirigente não pode ser apenas uma elite intelectual. Isso é pouco! Ela tem de ser, antes disso e mais que isso, uma elite moral. Um bom serviço eventualmente prestado no passado por algum político não autoriza e nem pode servir de atenuante para que ele cometa deslizes no presente. Napoleão já dizia que “Toda indulgência para com os culpados revela conivência.”
Assim como não se pode exigir que um filho imaturo seja exemplo para seus pais, mas sim o contrário, da mesma forma não se pode jogar nas costas da sociedade a responsabilidade pelo pouco caso que seus dirigentes têm para com a coisa pública, impingindo-se a ela, sociedade, a culpa por suposta falta de critério na escolha dos candidatos eleitos. Esta é uma forma ardilosa, perversa e demagógica de pulverizar a responsabilidade por má conduta, tirando-a dos ombros dos dirigentes para espalhá-la comodamente sobre os ombros dos dirigidos.
O objetivo do presente manifesto é, finalmente, despertar na opinião pública, nos clubes de serviço, órgãos representativos, imprensa e comunidade em geral, um clamor para que apareçam sugestões de procedimentos mais éticos e reformas estruturais.
Folha corrida limpa para candidatos a cargos públicos? Eliminação ou restrição drástica de comissionados? Redirecionamento das prioridades do país? Assembléia Nacional verdadeiramente “Constituinte” e não simplesmente com poderes constituintes como foi a de 1988? A Constituição “cidadã” efetivamente logrou promover a verdadeira e autêntica cidadania? Manteve equilíbrio entre direitos e deveres? São perguntas ilustrativas que este manifesto, num primeiro momento, deixa no ar, para reflexão.
A nossa associação não tem receitas prontas para que esta mudança urgente e inadiável se concretize. Ela deseja sim, juntamente com outras entidades, participar com sugestões. Mas, cabendo originalmente ao Congresso articular as mudanças positivas, é lá que deve acontecer a mudança em primeiro lugar.
O Lions Clube de Blumenau Centro, através deste manifesto, busca o apoio de tantos quantos o lerem e concordarem com ele para que, formada uma corrente de ética, moralidade, cidadania e transparência, se dê um basta a esta torrente de escândalos. Que comecemos todos nós, brasileiros de bem, a construir um país melhor, mais humano, íntegro e civilizado, dirigido por pessoas das quais possamos nos orgulhar e não nos sentirmos profundamente envergonhados, como hoje acontece.
Que nos sirva de inspiração, incentivo e fecho deste manifesto a seguinte frase do escritor e analista econômico e político sul-africano, Leon Louw:
“Se conseguirmos fazer avançar a multidão na direção certa, os políticos não terão outra alternativa senão sair à sua frente.”

Blumenau, SC., Julho de 2009.
Hézio Araújo de Souza
Presidente 2009/2010

AUTORIZADO

Fonte Todo Mundo Vivo, sabendo e aceitando

5 comentários:

Rafael Crivelli disse...

Mas torna-se cada vez mais difícil mudar esta situação, onde me parece que até mesmo as pessoas com as mais honestas intenções acabam corrompendo-se rodeados por tanto mau-caratismo. Talvez até mesmo estes começam a "ter vergonha da honestidade, da honra e da virtude", nas belíssimas palavras de Cleide Canton, citando o ilustre Ruy Barbosa.

E quem não se emocionar com essa declamação de Rolando Boldrin, muito provavelmente não deveria hoje ser chamado de brasileiro.

http://www.youtube.com/watch?v=ERTmvOll87s

Joel Neto disse...

Sejamos honestos, os políticos não vieram de Marte, eles saem do meio do povo, e querem "se dar bem" como quase toda a população, em menor ou maior grau.

Muitos brasileiros adoram furar fila, estacionar em local proibido, jogar cascas e outras coisas pela janela do carro ou do apartamento, buzinar e/ou ouvir som nas alturas em área residencial, discriminam idosos, deficientes, maltratam animais, invadem áreas públicas, não se preocupam com o meio ambiente, etc, a lista é grande.

Somos um povo muito mal educado e que vive querendo levar vantagem em tudo, mesmo assim ficamos todos esbravejando quando um político faz uso do cargo para enriquecer, para dar vantagens aos parentes, para pisar na ética e na cidadania.

A melhora disto tudo que está aí começa dentro da casa de cada um de nós, na escola, no trabalho, na tomada de consciência de nossos erros e na firme decisão de mudarmos todos em prol de transformar o Brasil num País realmente sério e ético.
Jorge Leão
Sobradinho (DF)

Rafael Crivelli disse...

Esse é provavelmente o maior motivo mesmo por toda essa baderna política no nosso país. Se colocássemos qualquer pessoa comum num cargo público, raríssimamente encontraremos uma realmente honesta, sem falar do alto risco de contágio com as práticas que acabam tornando-se comuns e rotineiras dentro daquilo que é público, em benefício próprio.

Mas eu pergunto: o voto facultativo não seria uma opção para tentarmos começar a mudar esta situação? Tem de haver alguém de bom nesse mundo pra ser candidato, e talvez com eleitores mais conscientes e que votem não por obrigação e sim por votade de mudar as coisas, os eleitos pudessem mudar, ao menos um pouquinho.. já seria um avanço!

Rafael Crivelli disse...

Em tempo..
"O poder emana do povo e por ele será exercido."

Encaixa-se perfeitamente com o que disse Joel Neto.

Quem disse que os políticos não respeitam a Constituição?

é rir pra não chorar..

Laguardia disse...

É muito fácil colocar a culpa do que está ocorrendo no Brasil no povo e continuarmos quietos.

Como poderemos educar nossos filhos se não damos o exemplo?

Não concordo em dizer que todo o brasileiro é desonesto e malandro e procura tirtar vantagem de tudo.

Esta é sempre a justificativa de nossos políticos desonestos. Não sabia, fui traido, a imprensa não respeita a biografia e por aí vai.

Enquanto não começarmos a dar o exemplo e cobrarmos comportamentos éticos, de moral e de honestidade de nossos representantes, o Brasil nunca vai melhorar. Vai continuar sendo governada por esta quadrilha de malfeitores que aí está.