segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A Visão do Leitor


Blogger Ricardo Froes disse...

O problema da Saúde no Brasil é estrutural. Enquanto não se separar, bem separadinho, o que é município, estado e país, vai ficar esse jogo de empurrar com a barriga para ver quem mata mais. No Rio de Janeiro o problema é o mesmo: como o Estado do Rio e a União não têm hospitais decentes, a superlotação do Hospital Municipal Miguel Couto - uma referência em medidina hospitalar, tempos atrás - em função da migração de pacientes de todo o estado o destruiu.

Mas eu pergunto: pode haver interesse por parte do Poder Público em se separar as atribuições quando é exatamente essa confusão que proporciona a maior possibilidade de desvios de verbas, intermediações e superfaturamentos?

Existe uma “família” que desde o tempo do Collor manda e desmanda nessa área e é assim que funcionam as coisas neste país. O INSS, por exemplo é de Bob Jeff, que já mandou nos Correios, Minas e Energia é bem dividida entre os Sarney e por aí afora. Será que há alguém que me diga alguma área pública onde não haja algum clã corrupto a mandar?

Mas e a Justiça, aonde anda? Claro que dando habeas corpus a um cidadão acusado de estupro por 56 mulheres pelo simples fato do presidente do STF “achar” que um sujeitinho como esse, em liberdade, não representa ameaça à sociedade. Não é lindo? Daqui a pouco vão acabar acusando as 56 mulheres por falso testemunho e formação de quadrilha.

Pergunta: como é que um processo como esse, de crimes comuns, chegou tão rápido no Supremo?

É, dona Justiça, a senhora também está sendo estuprada aqui em terras brasileiras...

7 comentários:

José de Araújo Madeiro disse...

Laguardia,


A Medicina do SUS, da Paraíba, está um desastre.

Os médicos são tratados como seres inexpressivos, onde falta tudo de essencial, além de pagamewntos ridículos por procedimentos complexos e para os procedimentos considerados simples não existe forma de como receber pelo serviço.

Então os doentes servem de cobaias para profissionais em formação. O cirurgião qualificado, cuidadoso e prevenido não opera doente do SUS.

Talvez Lula pense em trazer os médicos de Cuba. O que seria uma graçinha, visto a medicina privada do Brasil está entre as melhores do mundo.

Mas o povão gosta e se um médico cometer qualquer deslise profissional, vai responder a processo e perdendo vai pagar uma indenização de altissimo valor.

A sociedade deve dar um freio na situação.

Eu, infelizmente, não estou operando doente do SUS. Todavia, como cristão e para fazer caridade, atendo um paciente emergenciado para salvar-lhe a vida, sem preocupar-me com qualquer forma ou modalidade de pagamento.

Que Deus olhe para saúde dos brasileiros, já que estamos vendo-a como um terrível engôdo, levado a efeito pela petralhada do poder.

Att. Madeiro

Anônimo disse...

Em 2011 chegarão ao Brasil os primeiros médicos cubanos.
São profissionais acostumados a lidar com o povo. Pessoas que não tem medo de trabalhar em postos do interior ou da periferia.
Médicos que não se acham elite ou brasileiros superiores. São médicos que não precisam receber salários milionários.
Ao contrário dos médicos brasileiros não vão fazer "bico" nos postos de saúde. Vão trabalhar em tempo integral e fixos nos postos de saúde para o qual forem designados.

No Brasil se o pão queima é culpa do padeiro, se a ponte desaba é culpa do engenheiro se a saúde vai mal NÃO é culpa do médico, aquele carinha petulante que trabalha 2 horas, duas vezes por semana em um posto público de saúde e ainda acha que esta "se sacrificando". Quer ganhar mais "doutor", abre uma "zona" ou vá ser "aborteiro"!

Ricardo Froes disse...

De que nos servirão esses médicos de quinta categoria se nós já temos muito mais médicos do que o necessário, segundo a própria OMS? O que nos falta é vergonha na cara e não médicos.

Além disso, a primeira coisa que esses cubanos vão fazer é pedir asilo ao Brasil para depois serem efetivados pelo governo como funcionários públicos e, assim, logo teremos uma mais nova casta de coçadores de saco, já que em Cuba ninguém está acostumado com trabalho mesmo.

José de Araújo Madeiro disse...

Laguardia,

Adorei esse comentário do anônimo. Excelente para o nível da discussão a que se propõe, quando se presume noutro sentido entre pessoas civilizadas e de formação democrática, que devem não sómente respeitar o contraditório, mas o opositor, como um direito sagrado de se expressar.

Todavia e ainda bem que eu até hoje não precisei e não pretendo abrir uma *zona* ou ser * aborteiro*. Jamais defenderei o aborto. É um atentado à vida, não sómente humana, mas de até dos animais irracionias.

Mas são propostas defendidas por pessoas que não sabem o que é a dignidadade humanas, que não sabem o que o que uma troca de idéias sadias, a busca de soluções de problemas que se agravam e não que sabem, enfim, que o exercício da medicina é o de pleno respeito à vida humana.

Ainda bem que não precisamos receber cartões corporativos como complementação salarial e que não fomos formados em Cuba para ter relações comerciais ou políticas com esse tipo de gente, que agridem, não constroem e se acobertam do anonimamto.

Então, como esse jogo não tem futuro e o nível está se nivelando abaixo da crítica, eu, simplesmente, vou dá descarga!!!!

Att. Madeiro

Ricardo Froes disse...

Parece que eu guardei esta carta para a ocasião:

"O preço que paguei por acreditar em Cuba foi alto demais

DEPOIMENTO DE UMA BRASILEIRA
Prezado Olavo de Carvalho,

Acabei de ler o seu artigo publicado pela revista Época desta semana. Não pude deixar de viajar no tempo e reviver todo o sofrimento que passei naquela ilha.
Não fui fazer turismo, vivi na ilha durante alguns meses, pude conhecer pessoas e convivendo com elas no dia a dia perceber a dureza de sua realidade.
Embora o aspecto seja paradisíaco, há muita miséria neste país. A pior de todas é a miséria moral, a cultura da mentira, mas isso o turista não percebe...
Meu marido era diplomata e foi servir em Cuba. Eu incentivei a escolha, principalmente em razão do nosso filho que estava para nascer, pensando que nada lhe faltaria: teria os alimentos básicos, vacina, um bom pediatra... era isso que importava, não estava preocupada com pequenos confortos supérfluos e acreditava piamente que não passaria nenhum tipo de necessidade.
Doce ilusão...
Não consegui as vacinas para o bebê, tive de pedir a amigos que as trouxessem do Brasil, embora Cuba exporte vacina. Como entender, se lá estão sempre em falta?
Descobri que em Cuba você não tem empregados, todos os trabalhadores são funcionários públicos. Você contrata uma empresa (Cubalse), paga dez vezes o valor que é repassado ao trabalhador (explorado). Logicamente contratei uma babá no mercado negro. Pagava a ela US$ 100,00, o que era uma verdadeira fortuna em termos cubanos, uma vez que esta senhora era enfermeira formada e recebia US$ 10,00 de aposentadoria e o marido, médico, outros US$ 15,00.
A família estava numa tal situação de penúria que um dia vi que ela recolheu do lixo umas peles de frango que eu havia jogado fora, com aquilo ela pretendia fazer uma canja e estava satisfeitíssima.
Além dessa senhora eu tinha também uma empregada que fazia o serviço de casa, a situação desta outra era bem melhor que a da babá, pois o marido trabalhava num bar e ganhava gorjetas em dólares. Esse é outro problema de Cuba, os jovens estão desistindo de estudar, pois vale mais a pena trabalhar com turistas, onde podem receber um pouco mais.
Tratar a todos de forma igual nem sempre é justo, muitas vezes beneficia o preguiçoso. Assim eu me sentia quando ia a uma das feiras. Havia muito pouco que comprar, e em moeda cubana nada era barato. Oras, se o agricultor colher vinte cebolas, receberá por elas US$ 5,00; se colher duzentas receberá US$ 5,00, se colher duas mil, seu prêmio será o mesmo. Solução: comida de potinho comprada no Diplomercado.
Não me pergunte o que as crianças cubanas comem, não consegui descobrir.
O que me deixava louca era a forma com eles mentiam. No prédio onde eu morava, quando aluguei o apartamento me garantiram que não havia nenhum problema com o abastecimento de água. Ocorreu que, pelo menos três vezes por semana, não havia água nas torneiras.
Fui pedir a um administrador do prédio que me avisasse um pouco antes para que pudesse armazenar um pouco de água ou me programar de forma que não me pegasse desprevenida. Ele me olhou, sorriu e disse: "Neste prédio nunca falta água". Tentei argumentar, ele respondeu categoricamente a mesma coisa. Entendi o recado... e era o mesmo que a tv noticiava todos os dias: Cuba era a ilha da fantasia, nada de ruim acontecia lá... Fidel distribuía diplominhas de alfabetização e na reportagem seguinte, de forma muito didática, apareciam crianças brasileiras com os dedos decepados pelo trabalho...
Toda a miséria de Cuba é culpa do Embargo. É ele quem mantém Fidel no poder, porque os cubanos acreditam nisso e não vêem que nada produzem, além de cana-de-açúcar (rum), em uma quantidade que para nós é insignificante, e charutos. O resto chega por navios ou não chega."
(cont)

Ricardo Froes disse...

(cont)
"O controle da população é incrivelmente eficaz. Fidel institucionalizou a fofoca. Em cada quadra existe um CDR (Dentro de Defesa da Revolução) onde vizinhos se reúnem para proteger o regime. Lembro-me que certa vez meu esposo emprestou um livro de poesias a um garagista do prédio... o rapaz foi visto lendo o livro e foi inquirido se as poesias eram marxistas ou anti-marxistas. Os bons comunistas têm algumas regalias, os melhores empregos, os melhores colégios para os filhos e outras vantagens. Os que não concordam acabam por ser punidos, de uma forma ou de outra, além disso muita gente continua morrendo "comida por tubarões".
Apesar de todas as dificuldades, eu não pensava em voltar ao Brasil, mas tive de retornar muito precocemente e sem o meu esposo, que faleceu vítima de um erro de diagnóstico, aos trinta anos. Ele sofreu um típico infarto em casa (não sou médica, mas todos os sintomas eram de infarto) e eu corri ao Hospital Cardiovascular de Havana, onde me disseram que meu marido estava bem (fui tratada como louca) e, depois de deixá-lo esperando sentando num banco por pelo menos duas horas sem socorro, ignorado pelos médicos, pedi que lhe dessem alta, pois via que a situação estava se agravando. Ao chegar ao carro ele começou a ter convulsões, e eu fui correndo chamar o médico, que, com muita má vontade, chegou na janela do carro e disse a ele que respirasse devagar. Inconformada e desesperada, levei-o imediatamente para a Clínica Cira Garcia, onde o primeiro diagnóstico foi hipoglicemia, depois me disseram que na verdade ele estava tendo uma embolia pulmonar, mas que o caso era simples, embora necessitasse de uma UTI. Transferiram meu marido para o terceiro hospital, Hermanos Almejeras, lá o médico veio conversar comigo, confirmou o diagnóstico de embolia pulmonar e me disse que ficasse calma, pois ele estaria bem e em poucos minutos eu poderia vê-lo... Não houve tempo: ele faleceu antes disso. Uma semana depois recebo o atestado de óbito com o laudo do exame necrológico: Infarto agudo do miocardio. Não creio que seja necessário descrever toda a minha dor, mas a minha revolta, esta sim, sempre fiz questão de revelar, pois após todo esse episódio escrevi uma carta ao Ministério da Saúde de Cuba, denunciando principalmente a maneira desumana como meu marido foi tratado no Hospital Cardiovascular. Fiz isso não por mim, nem por meu marido, mas por todos os cubanos, que não podem nem reclamar. Obtive uma resposta cínica onde simplesmente me disseram que a demora no atendimento não tinha nexo com o falecimento do Marcus.
Não houve realmente demora, o que faltou foi diagnóstico e dignidade. O preço que paguei por acreditar em Cuba foi alto demais. Por isso, mais que testemunha, sou vítima e infelizmente não sou a única. Não sei qual o futuro de Cuba, nada tenho contra Fidel, amo esse povo oprimido, que soube ser solidário comigo na minha dor, mas não creio que a situação possa se manter por muito tempo. quarenta anos é demais e se o povo estivesse satisfeito não haveria necessidade de censura. Estou certa de que as coisas vão mudar, apenas não sei se vão melhorar ou piorar.
Parabéns pela coragem de publicar esse artigo, estou certa que vai desagradar a muita gente que usa essa imagem mentirosa que Cuba procura vender (e investe muito em propaganda) de país modelo de educação (sem ter lápis, livros ou papel) e saúde pública.

30 Jan 2001
Giselle Gil"

Ricardo Froes disse...

E são esses os médicos que o Anônimo acha que vão dar jeito na Saúde do brasileiro...