segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Uma Análise do Ponto de Vista Cristão do PNDH -3 - Parte 2

1. Tema - Liberdade Religiosa.

I Coríntios 9:16 - Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!

Constituição de 1988 - Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Página 100 do PNDH - Instituir mecanismos que assegurem o livre exercício das diversas práticas religiosas, assegurando a proteção do seu espaço físico e coibindo manifestações de intolerância religiosa

O que significa coibir manifestação de intolerância religiosa? Pregar que o Espiritismo, o Candomblé ou algumas práticas da Igreja Católica ou mesmo de outras Igrejas Evangélicas são erradas e desagradáveis aos olhos de Deus pode certamente ser considerada manifestação de intolerância religiosa. Este item mais do que tudo é uma forma de cercear a liberdade que hoje temos de pregar o evangelho de Jesus Cristo em praça pública, nas portas das fábricas. Restringe a prática religiosa às quatro paredes das igrejas e condicionado a não criticar práticas de outras religiões. É um atentado a liberdade de se pregar o Evangelho fora das quatro paredes!

Página 100 do PNDH - Desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União.

Para ser coerente com os mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União, o estado deveria mudar os nomes dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, trocar o nome de centenas de cidades brasileiras, milhares de nomes de bairros e nomes de ruas e avenidas.

Esta é uma medida sem sentido e que em nada ajuda a melhorar a prática dos Direitos Humanos. Não é a ostentação ou não de um crucifixo em um tribunal de justiça que promoverá os Direitos Humanos, mas sim a administração rápida, eficaz e transparente da justiça.

Página 100 do PNDH - Realizar relatório sobre pesquisas populacionais relativas a práticas religiosas, que contenha, entre outras, informações sobre número de religiões praticadas, proporção de pessoas distribuídas entre as religiões, proporção de pessoas que já trocaram de religião, número de pessoas religiosas não praticantes e número de pessoas sem religião.

Tais relatórios não têm nenhum sentido prático. Se o estado é laico, independe para ele qual o percentual da população pertence a esta ou aquela religião, quantos pertencem a esta ou aquela seita. Esta informação só teria valor para um estado que pretendesse voltar suas ações para a religião dominante

Um comentário:

Ricardo Froes disse...

Laguardia:

Não concordo quando você parte da premissa que “o Espiritismo, o Candomblé ou algumas práticas da Igreja Católica ou mesmo de outras Igrejas Evangélicas são erradas e desagradáveis aos olhos de Deus”. E estou muito a cavaleiro para discordar de você porque nenhuma religião me interessa a ponto de defendê-la. Minha atitude quanto a todas sempre foi e sempre será crítica, mas tolerante no sentido das escolhas pessoais. Eu nunca consegui entender como alguém pode acreditar em dogmas, mas defendo o direito de cada um acreditar.

Até onde eu entendo o Cristianismo, tenho certeza que os seus adeptos deveriam pregar a tolerância, mesmo com as outras gentes de outros credos. No Sermão da Montanha Jesus diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mat 5:3). Não estará Jesus se referindo aos que acreditam em outras crenças, em vez do que quer nos fazer entender a moderna interpretação que mudou até a tradução original da Bíblia de “os pobres de espírito” para “os humildes de espírito”, eufemismo usado para tentar distorcer o verdadeiro sentido da frase?

A intolerância religiosa, ao sair dos limites da própria religião que a pratica, é inaceitável. Em termos de fé, não há uma verdade única. Qualquer fé - e até a minha não-fé - é a verdade de cada um e que tem que ser aceita por todos os cristãos de boa vontade. “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade.” (I Pedro 5:2).

E não se esqueça que os “olhos de Deus” que você citou no post enxergam através dos seus que, como homem e falível, podem ser suscetíveis a distorções de ótica.