sexta-feira, 17 de julho de 2009

A morte cerebral do autodenominado partido dos trabalhadores


Da sedução dos poderes à coma depressiva com a perda de identidade

Colaboração do amigo Hans

coluna@pedroporfirio.com

"As doses de formol que estão injetando nos trabalhadores só serão visíveis quando o estado do país for irremediavelmente terminal".
Dayse Amorim Mattos, ex-Varig, comentando minha última coluna.

Aos 29 anos, o Partido dos Trabalhadores está tendo uma virtual morte cerebral. É o que informam fontes fidedignas diretamente da UTI do Hospital da Praças dos Três Podres Poderes de Brasília, Distrito Federal.

Especialistas vindos dos principais centros de avaliação do mundo ocidental e cristão divergem sobre o tempo de sobrevivência vegetativa do partido totalmente acorrentado pelo todo poderoso príncipe operário.

Os norte-americanos vindos da Johns Hopkins University, onde Lula fez em 1973 um curso tão misterioso que não consta do seu currículo, acreditam que por sua origem em laboratório, com as bênçãos de Deus nas sacristias receosas do dia seguinte ao regime militar, as recentes alquimias poderão prolongar a existência da legenda, mesmo com o cérebro irremediavelmente putrificado.

Para eles, a transfusão do sangue recebido de José Sarney, Fernando Collor e Renan Calheiros poderá produzir um milagre: o corpo dispensará as funções do cérebro e o partido se nutrirá da química fisiológica prolongadora de alguns órgãos, especialmente do aparelho digestivo.

Como acham que tempo é dinheiro, os norte-americanos avançaram na manipulação da semântica: dinheiro é tempo, dizem convencidos de que o partido acumulou gorduras vitais no exercício físico do mensalão e de outros passos acelerados na busca da glamorosa vida mansa de invejável esplendor.

Assim também pensam os israelenses, para os quais as recentes injeções de recursos públicos no sistema financeiro e na construção civil gerarão algumas células-tronco que salvarão a vida do partido e engordarão seus dirigentes, fecundando uma espécie de clone do moribundo, ao qual caberá representar a marca registrada, que tanto sucesso fez nos primeiros anos do novo século.

Os ingleses parecem mais prudentes. Às voltas com doença semelhante no seu Partido Trabalhista, acham que só um cérebro de platina, extraída das terras aparentemente indígenas, poderá influir no metabolismo de um grêmio que se esqueceu de tudo o que viveu até os 23 anos.

Todos admitem, porém, que o PT dos barbudinhos e cabeludos não tem mais chances de vida. A única saída será contaminar os outros parceiros do agonizante "campo progressista", de forma a impedir que se revitalizem com o inevitável passamento do partido que entrou em coma ao receber ordens expressas para obedecer cegamente ao mais antigo dos proxenetas da República, dotado de poderes como a onisciência e a onipresença, sobre o qual o popularíssimo presidente baixou o sacrário do homem sobrenatural, que paira acima de qualquer questionamento moral.

Segundo as fontes fidedignas que prometemos jamais revelar, numa coisa os especialistas concordam totalmente: as causas da morte cerebral do Partido dos Trabalhadores estão na alta carga de arrivismo produzida por sua metamorfose, em função do consumo exagerado das drogas dos podres poderes.

Antigos neosindicalistas e tremendões neoesquerdistas absorveram por osmose os solventes do neoliberalismo e os ingredientes do patrimonialismo, cegando com os encantos e as facilidades do poder, num Estado que se apropria de 38% do produto do trabalho e os faz evaporar na feérica orgia das ONGs amigas e das empreiteiras agradecidas, enquanto livra a cara das montadoras multinacionais onde tudo começou.

No diagnóstico obtido pela ultra-sonografia, os especialistas verificaram que os petistas meteram a mão nas tetas e nas nádegas da viúva, tornando-se dependentes insaciáveis e incuráveis da sodomia política.

Aprendendo mais do que as quatro operações aritméticas, utilizaram-se da equação das porcentagens, mas embolaram os números, quando recorreram à ajuda de matemáticos como Marcos Valério e se deixaram monitorar pelo banqueiro Henrique Meireles, pós-graduado em macroeconomia da dependência.

Imobilizado pelo cavalo-de-pau do governo e com suas antigas canções desafinadas, o Partido dos Trabalhadores perdeu a própria voz, diante do cala-boca implacável que o sapo barbudo impôs, como exercício orgástico típico de quem se imagina um semideus vivo, de posse da máquina mortífera e de todos os engenhos formatadores do comportamento humano. O PT, que se ufanava de um folclórico democratismo, de uma fictícia audição das bases, já não tem mais com enganar.

Pior. Sabe que terá de vender a própria alma para garantir a vitória da ungida pelo homem, falsa turquesa, que nunca soube o que é disputar uma eleição, nem para associação de moradores, e nem nunca suou nas suas bases franciscanas.

Esse constrangimento produziu um tenebroso estado de depressão e uma macabra crise de identidade. O antigo conflito interno das correntes políticas foi substituído pela melancólica disputa de bocas na máquina pública e no dinheiro dos seus ralos, agravada pela sua sujeição aos desnacionalizadores e desmatadores da Amazônia, aos latifundiários do agronegócio com sua poderosa "bancada ruralista", e às velhas raposas que transformaram a vida pública numa obscena bolsa de valores, onde a moral, a dignidade, a decência, a coerência, a ética e os compromissos históricos, sempre em baixa, vão a leilão todo santo dia.

Não surpreende, pois, que a alcatéia dos discursos inflamados contra a corrupção e a espoliação do trabalho tenha estourado os miolos do cérebro na hora em que se viu subordinada àqueles que condenavam ao cadafalso em ruidosos vitupérios.

A demência com a perda de identidade, o descrédito, a dependência de vantagens e a morte anunciada é consequência de uma tragédia existencial que qualquer leitor de orelhas dos livros de Freud vinha diagnosticando sem recorrer ao estetoscópio.

Nos estertores entre quatro paredes, a novidade foi a decisão do partido de vestir-se de uma imobilizadora camisa de força, enquanto passava a falar palavras desconexas, estranhas ao antigo vocabulário, tentando compensações na satisfação dos instintos selvagens.

Para os petistas quiméricos, tudo o que está acontecendo tem o peso do castigo de Deus. Daí os flagrantes de autoflagelação do inconsciente, enquanto o ego deita e rola sem saber onde isso vai dar.

Ter de engolir a mais explícita ilegitimidade no jogo de poder dentro do Senado, ter de participar da blindagem de Sarney e de sacramentar dois suplentes sem votos para a Presidência da CPI da Petrobrás e do Conselho de Ética foi a gota d'água.

Os bigodes do Mercadante e os fios da careca do Suplicy entrelaçaram-se no deprimente espelho do infortúnio, que culminou com a morte cerebral, que os ébrios arautos da corte tentam inutilmente esconder, esquecendo que tenho boas fontes, inegavelmente fidedignas.

6 comentários:

Zeus disse...

Excelente matéria e aproveitando eu pergunto:
Até quando????
Um abraço.

Rodolfo disse...

Além da situação atual de falta de ética, moral e honetidade, infelizmente a corrupção em nosso país é institucionalizada. De pequenas prefeituras, parlamentares ao alto escalão do governo federal há muita sujeira e irregularidade. Todo mundo sabe disso!! Os filhos de DEUS estão em Cristo, mas também estão no Brasil.
Ciente do protesto virtual do dia 7/09/09
Que sua idéia alcançe muitos para participarem e que seja enviando o maior numero possível de emails.

MOMENTOBRASILCOM.COM disse...

Oi Laguardia: Conheço um vereador do RJ,n/lembrose é de Niterói.Em se tratando de político....(Roy Lacerda).

Diego Novaes disse...

Laguardia, meu caro,

Me desculpe, mas vc foi longe demais.

Essa charge é do artista gráfico Carlos Latuff, e originalmente se referia ao nazi-fascismo. Alguém no entanto, a adulterou e põs o símbolo do Comunismo nela, num profundo sinal de desrespeito aos ideais do autor da charge.

Peço que tenha um pouco mais de cuidado ao escolher as imagens para ilustrar suas matérias.

Anônimo disse...

p/Diego Novaes,

Problemaço êste que você levantou !!! Quer aparecer pendure uma melancia no pescoço e saia por aí chamando a atenção de todo mundo que te vai ver sem sombra de dúvida... Em vez de comentar a matéria vai empombar logo com a charge de quem ??? Do conhecidérrimo chargista Lutfalla Maluff ?!?!?!

Diego Novaes disse...

Anônimo querido, dê as caras, né!

Aparecer é a última coisaque eu quero.

Aliás, fui.